domingo, 8 de agosto de 2010

Pedalinas na Paulista

O encontro das Pedalinas de ontem foi incrível!
Aqui um registro feito pela Aline. Depois teremos relatos e fotos, claro;)



3 comentários:

  1. Esse absurdo saiu na revistinha da Folha de SP:http://sergyovitro.blogspot.com/2010/08/barbara-gancia-cicloativissima.html
    BARBARA GANCIA - "Cicloativíssima"
    Em 3 de setembro, minha sis Renata Falzoni será agraciada com a medalha José de Anchieta por sua luta para transformar a bike em meio de transporte.

    Os Falzoni são uma gente extremamente inteligente e inquieta e nenhum jamais possuiu qualquer traço de mediocridade. Mas Renata tanto fez que conseguiu tornar-se uma excêntrica mesmo dentro desse núcleo familiar bastante incomum.

    Mãe da Tati, 29, e avó da Giulia, 7, e do Caio, cinco meses, quem a conhece de suas transmissões pela ESPN (feitas com câmeras que ela mesmo adapta para usar no capacete), logo percebe nela uma coisa assim meio Vivienne Westwood de ser. Mas eu, que convivi com a Renata como vizinha na infância do Jardim Paulista, posso garantir que seu interesse não está em qualquer movimento de vanguarda.

    E que apesar do ar andrógino que cultiva, Renata sempre foi uma heterossexual convicta. Pior. Sempre sofreu de amores por homens que eu considero nada menos do que repugnantes (algo me diz que este comentário vai me meter em apuros).

    Renata vira e mexe dá as caras na minha casa às sete e meia da matina, lépida e falante, puxando meia dúzia de cães sem raça definida na coleira, que lembram um pouco um seu namorado inglês que já passou desta para melhor. Invariavelmente, ela me obriga a levantar da cama e ir atrás de sua cabeleira "fogo selvagem" para onde for, o que faço em estado de quase narcolepsia, mas não sem me perguntar quando é que a ficha vai cair de que dona madame Falzoni está prestes a completar 57 anos e que a maioria das senhoras de meia idade não anda por aí escalando o Aconcágua de bicicleta nem se digladiando para fazer a bike tomar o lugar do automóvel.

    Há algo de heroico na sua militância. Pela persistência, pelo pioneirismo, mas, sobretudo, pela intransigência no compromisso conservacionista que assumiu desde o primeiro dia.

    Isso não quer dizer que eu concorde com ela. A bicicleta deveria se apresentar como alternativa para quem não tem dinheiro, deveria ser a solução para despoluir, deveria ajudar a descongestionar o trânsito, mas, no caso de São Paulo, presta-se apenas a paliativos.

    A fim de se proteger de um "inimigo" invisível, mauricinhos se juntam para pedalar à noite e atravancam os faróis como se fossem donos do mundo. Outra noite, na frente de um restaurante japa, tive de ouvir de um ciclista desses: "Vai acabar essa moleza! Cigarro e bebida têm os dias contados!" Pensei comigo: "E você vai cair daí e quebrar todos os dentes, seu nazista".

    A Renata que me desculpe, mas a visão, nos fins de semana, daquela faixa da direita segregada por cones para uso exclusivo do ciclista não faz exatamente engrandecer a alma. A bicicleta a beira-mar ou na cidade do interior ganha outro sentido, mas em São Paulo ela não cabe com naturalidade. É preciso montar uma operação de guerra para acolhê-la e o ônus para a prefeitura é grande. Falzoni sabe disso tudo. Mas continua irredutível em seu cicloativismo, convicta de que, a longo prazo, a bicicleta é a melhor saída.

    É uma postura nobre e, no fim das contas, eu sou uma mulher pequena e mesquinha. Digo mais: excluindo seu gosto para homens, queria ser metade da rapariga que a Renata é.

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  2. Veja o absurdo publicado na revistinha da Folha escrito pela Barbara (ga)Gancia.

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  3. Aqui está a belíssima resposta da Renata Falzoni:

    http://espnbrasil.terra.com.br/renatafalzoni/post/140901_TEMPO+AO+TEMPO+E+NAO+AO+PRECONCEITO

    Reduzir-me a “medíocre” não me atinge pois essa é uma alcunha, lugar comum, dirigida a todos os visionários que nasceram antes de seu tempo.

    Sempre fui e sou criticada por não ser homossexual. Sou julgada pelo meu “jeitão” e eu de fato evito essa perigosa tecla, pois não vim a esse mundo para discutir a liberdade da opção sexual, mas sim para praticar (e não discutir) o não preconceito.

    O não preconceito a tudo, a opção sexual, a raças, a condição social e, em especial, ao modo como eu escolhi para me locomover nas cidades de todo o mundo.

    Eu não somente falo do transporte em bicicleta, eu pratico o transporte em bicicleta. Assim busco um mínimo de sustentabilidade. De fato vou de bicicleta, ou seja eu busco ser verdadeira nas minhas atitudes.

    E, todos os dias da minha vida, procuro identificar onde está o meu preconceito sobre qualquer assunto, para analizá-lo e cair fora dessa perigosa armadilha: O preconceito.

    Não professo religião, mas posso dizer que praticar o não preconceito é a minha escolha espiritual.

    Todos nós convivemos com esse problema, sofremos o preconceito ao mesmo tempo que o praticamos.

    No meu caso eu sofro pela minha opção sexual heterossexual não bater como meu “jeitão”; por ser uma videorreporter e não uma repórter ao lado de um camera man; pela minha preferência de locomoção não condizer com a minha posição social, imagine o que é chegar a um restaurante “chique” de bicicleta!

    Preconceito a parte, ir de bicicleta é um direito constitucional. Assim como ir a pé, de trem, de ônibus e até de carro.

    O Brasil vive uma guerra civil, onde 70 mil vidas são diretamente perdidas por ano, nos acidentes de trânsito, sem contar os que morrem por contra da poluição. Destes 70 mil, a esmagadora maioria são pedestres e ciclistas.

    Desta forma é necessário entender quais os interesses por trás de quem advoga contra quem defende os direitos de pedestres e ciclistas.

    Cada um tire as suas conclusões. Prefiro imaginar que pouca informação e muito preconceito é o caso de minha amiga Bárbara.

    Já rodei por 21 países em minha bicicleta. Se falarem que São Paulo é grande, apresento Tokio ou Pequim como exemplos. Se falarem que São Paulo tem subidas, puxo da manga São Francisco como contra argumentação. Fria e chuvosa, apresento Copenhaguem, Perigosa, tiro até o Rio de Janeiro como exemplo, e por aí vai.

    Quem pedala, sabe que ir de bicicleta é viável tanto que São Paulo tem 380 mil viagens de bicicleta por dia, (dados antigos do metrô) que inclui uma população inserida em todas as classes sociais. Todos ciclistas com um denominador comum: O bonsenso.

    Todas as grandes cidades do mundo caminham para retirar os carros das ruas e combinar soluções que somam transporte público a bicicleta, porque São Paulo será diferente?

    A cidade que temos é a cidade que queremos. Aqueles que não acreditam na bicicleta como parte da solução de uma cidade mais justa e de melhor qualidade de vida terão suas bocas caladas com o tempo.

    Tempo ao tempo e não ao preconceito.

    Pedalar mantém o corpo e a alma jovens. Assim continuo a caminhar nas montanhas, nas trilhas, e dessa forma reciclo minhas idéias. Sou um ser em eterna reciclagem. Pelo menos enquanto eu pedalar estarei reciclando minhas idéias, minhas atitudes e procurando sempre identificar onde reside o perigoso preconceito.

    Dou tempo ao meu tempo. Assim me renovo.

    Acho que eu, como amiga da Bárbara, vou dar-lhe uma bike de presente, e fazê-la pedalar e assim reciclar suas idéias, pois quem se assume “pequena e mesquinha”, coisa que eu discordo mesmo depois desse texto, somente um bom pedal para sarar!

    Pedalar faz bem a auto estima também.

    Agradeço aos que saíram em minha defesa e convido todos a levar a Bárbara a pedalar.

    E dia 3 de setembro vamos buscar a Medalha José de Anchieta em homenagem a nossa causa.

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