sábado, 22 de agosto de 2009

Márcia Regina de Andrade Prado




Conhecer o pessoal naquele passeio em Osasco foi o ponto de partida para vários passeios de bike nas manhãs de domingo. Um deles foi o passeio do dia internacional da mulher, organizado pelo CAB. (http://www.cab.com.br/)

O passeio foi super gostoso, passamos pelo parque do Ibirapuera e nas descidas via-se uma fila imensa de bikes, lindo de ver! Na volta, segui com o pessoal rumo à estação mais próxima do metrô, onde muitos iriam embarcar, mas acabamos mudando de idéia, alguns embarcaram e eu, Thiago e Fátima seguimos para uma outra estação pois eles queriam me deixar direto na linha vermelha do metrô, pra eu evitar de fazer baldeação e ter de carregar a bike nas escadas da Sé.. Lá fomos nós rumo a estação Anhangabaú.

Como eu não estava acostumada com aquela região de São Paulo, fui meio que escoltada por eles, sempre me dando dicas de como me portar em algumas situações (faróis, ônibus e etc). Quando chegamos numa certa altura da Paulista, eles foram reduzindo e sinalizando que íam parar, logo avistei o motivo, eles queriam me mostrar a Ghost bike da Márcia e esta história eu conhecia bem.

Em janeiro deste ano, fiquei sabendo através de algumas comunidades do orkut que havia acontecido um acidente na avenida Paulista envolvendo uma ciclista de 40 anos e um ônibus, e que a ciclista havia falecido. Aquela notícia obviamente me chamou muito a atenção, uma mulher de 40 anos pedalando na Paulista com certeza não estava empinando uma bicicleta ou tendo atitudes que a colocassem em risco, afinal, era adulta e com certeza devia ser experiente.

Rapidamente tomei conhecimento dos fatos, o ônibus a ultrapassou e, segundo o motorista, ele ouviu um barulho e parou para ver o que tinha acontecido. Aquilo acabou comigo... conforme ía pesquisando, ficava mais evidente que não se tratava de um acidente, mas de uma imprudência que havia tirado a vida de alguém, e este alguém era um ser humano, com família, amigos, sonhos e sua vida fora abreviada naquela ultrapassagem irregular...

Fiquei com a Márcia na cabeça por muito tempo, até hoje diversas vezes me pego relembrando o que aconteceu.

No dia seguinte ao acidente eu não pedalei, pedi ao meu marido que me desse uma carona até a empresa, sinceramente, estava com medo, ficava me colocando no lugar dela, já que infelizmente já havia levado algumas finas de ônibus..

O medo logo passou, afinal, se todos parassem de andar de carro a cada acidente que acontece, não teríamos mais nenhum carro circulando por aí... (claro que queremos uma redução, mas não desta forma..) Mas o que ficou foi a tristeza e a revolta. É revoltante ver coisas deste tipo acontecerem e não poder fazer nada. Nunca ver os culpados serem punidos, é lamentável... E é triste, muito triste que a vida dela tenha se encerrado ali... Dói.

Ficamos parados ali, nós 3, em frente a Ghost Bike, uma homenagem dos amigos da Márcia (muitos deles da bicicletada de São Paulo). Não havia o que dizer...

O local é bem próximo a um ponto de ônibus, o que reforça que o motorista foi imprudente, se queria ultrapassa-la, deveria ter mantido a distância segura e obrigatória por lei de 1,5 m e ainda, para que ultrapassa-la e de maneira assassina se naquele local ele tinha que reduzir a velocidade por causa do ponto de ônibus? A pressa dele com certeza não vale uma vida, mas infelizmente, ela se foi.

Essa semana recebemos um e-mail direcionado a um ciclista já bem conhecido por todos devido às ações que ele tem feito ao longo dos anos, lutando por mais respeito aos ciclistas, o André Pasqualini. A mensagem era de uma mulher que passou a pé pela Paulista e viu o memorial da Márcia, tomou conhecimento do que havia acontecido e decidiu que iria pedalar, por ela, simplesmente porque ela não admitiu que a história da Márcia acabasse ali.

Nenhum comentário:

Postar um comentário